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Kaizen: A filosofia da melhoria contínua

Origem da filosofia Kaizen.


Kaizen

Para os que ainda não conhecem, o termo Kaizen origina-se da cultura japonesa e possui o significado de melhoria gradual, contínua, ou popularmente falando, mudar para a melhor. Não é a toa que a frase mais comum da filosofia é, "hoje melhor do que ontem, amanhã melhor do que hoje", ou seja, fica claro que se trata de um processo diário, contínuo e recidivo de melhoria contínua. A metodologia do Kaizen é baseado nos princípios socioculturais do oriente, que exige um grande comprometimento de todos os indivíduos que fazem parte da empresa, consistindo numa forma de gestão orientada para a maximização da produtividade e da rentabilidade, e consequente redução de custos.


Após a Segunda Guerra Mundial, na altura dos anos 50, muitas empresas japonesas tiveram de recomeçar do zero e assim retomaram um pouco das ideias de Henri Fayol, da escola clássica da administração, e das críticas decorrentes de sua teoria, o que deu início ao desenvolvimento da metodologia de melhoria contínua e ao processo de aplicação da filosofia Kaizen nas empresas japonesas. A prática dessa metodologia, exprime uma forte ligação com o estilo de vida oriental, por isso, também é considerada por muitos uma filosofia ou cultura, principalmente, por que ela visa o bem não somente da organização em si, mas também do indivíduo que dela faz parte.


Objetivos da filosofia Kaizen


Pai do Kaizen - Masaaki ImaiMuitos autores consideram o professor Masaaki Imai como o pai da filosofia Kaizen. Ele foi o responsável por trazer a consciência Kaizen para o ocidente, sendo o primeiro a escrever sobre os princípios de liderança do Sistema Toyota de Produção, que hoje é conhecido como o pensamento lean. Imai foi o responsável por introduzir o Kaizen como abordagem de melhoria contínua ao redor do mundo.

Como dito antes, o intuito da filosofia é de que nenhum dia passe sem haver algum tipo de melhoria, por isso, os resultados do Kaizen visam melhorias qualitativas e quantitativas, no menor espaço de tempo possível e através de um custo mínimo para a organização. Sendo assim, fica claro que o objetivo principal da filosofia é a atitude, o desejo de melhorar, de superação a cada dia. De acordo com sua metodologia as melhorias são desenvolvidas "step by step", ou seja, por etapas e tem como principal finalidade a eliminação de desperdícios, o que auxilia no aumento da lucratividade da empresa como um todo.

Basicamente, a ideologia do Kaizen consiste em eliminar os diversos desperdícios que não agregam valor ao processo produtivo. No geral, todos os integrantes da empresa participam da melhoria contínua, do CEO ao faxineiro não importando sua hierarquia, o que vale é a integração e doação de todos para com o processo. Um dos principais valores do Kaizen, é o seu poder de conciliar o comprometimento de todos os colaboradores com as metas de melhoria contínua e com os objetivos da organização, gerando um forte clima organizacional em prol do trabalho e do propósito da empresa.

Para a filosofia Kaizen é sempre possível melhorar em alguma coisa, seja na estrutura da empresa, ou no próprio indivíduo que nela trabalha. Sabe-se que o processo de melhoria traz algumas importantes vertentes que o tornam mais efetivo, essas vertentes são: a análise de valor, a eliminação de desperdícios, a padronização, a racionalização da força de trabalho, just in time, entre outros. Os fundamentos do Kaizen e da melhoria contínua também pressupõe diversas mudanças nos hábitos organizacionais, segundo Imai por exemplo, um gestor deve dedicar diariamente cerca de 50% do seu tempo ao processo de melhoria. Essa seria uma prática que não traria benefícios apenas para a empresa, mas também para o próprio colaborador.

Kaizen e o fator cultural na administração japonesa


Fundamentos do Kaizen

Uma das grandes contribuições do Japão à moderna história da administração foi aprimorar e demonstrar a solidez dos princípios propostos pelos pioneiros como Ford, Taylor e Deming. A partir da base apresentada por esses autores, os japoneses desenvolveram seu próprio sistema ou modelo de administração, compreendendo uma filosofia única e um conjunto ordenado de técnicas. A filosofia japonesa, basicamente, possui três elementos primordiais, que são: o combate ao desperdício, o trabalho em equipe e o consenso no processo decisório.

> O combate ao desperdício ocorre em grande parte devido ao tamanho territorial do próprio Japão. Depois da Segunda Guerra Mundial, a escassez de recursos tornou-se dramática, provocando dificuldades que só se amenizaram como resultado de um longo período de trabalho duro e metódico. Em toda organização japonesa os trabalhadores são educados para usarem o mínimo possível dos recursos que possuem.

> O trabalho em equipe já vem enraizado nos valores e hábitos japoneses que desde os tempos feudais exerceram forte influência no trabalho dessa população. A cultura do arroz que requer colaboração mútua, a vida familiar e a arquitetura residencial por exemplo, foram fatores que ajudaram a fortalecer a relação de interdependência entre as pessoas.

> O consenso no processo decisório é mais um reflexo do traço cultural japonês. A cultura do consenso dá ao nível hierárquico mais elevado a responsabilidade de estabelecer e manter a harmonia nas decisões. Com isso o processo de decisão se baseia mais no próprio consenso em si, do que na autoridade gerencial por trás dela. Basicamente um gestor não precisa exercer em demasia a sua autoridade, pois o subordinado sabe quem possui a tomada de decisão.

Com base nesses fatores, foram desenvolvidos diversos fundamentos, e dentre eles o Kaizen (suas características, ou nove pontos principais). Sendo assim, conseguimos entender a importância da introdução da filosofia Kaizen naquele país, uma vez que os fundamentos da melhoria contínua (parte integrante da metodologia), ajudam no melhoramento dos processos, através da redução do desperdício, além de possuir como finalidade o envolvimento de todos em busca do objetivo comum. Sendo assim, diante das dificuldades apresentadas após a Segunda Guerra mundial, podemos afirmar que a filosofia Kaizen foi de grande importância para a recuperação e desenvolvimento das e empresas japonesas ao longo da década de 50.

Conclusão - Kaizen e a filosofia da melhoria contínua


Até meados da década de 1970, pouco se ouvia falar do sistema japonês no ocidente, sendo conhecidos apenas os círculos de controle da qualidade. Entretanto, quando os produtos japoneses adquiriram a reputação de alta qualidade e baixo preço, e passaram também a concorrer com os mercados externos, cresceu o interesse ocidental por seus métodos de produção e administração. Diversos autores confirmam e concordam que o modelo japonês, é, basicamente, a evolução do modelo americano (administração clássica). Porém, mesmo nessas condições, é inegável ressaltar a contribuição decorrida da cultura japonesa.


Os métodos criados e otimizados pelos grandes teóricos japoneses Ohno, Ishikawa (diagrama de ishikawa), Toyoda, entre outros, foram de grande valia para a ciência da administração, do mesmo modo que foram para outras áreas mais específicas, como engenharia e produção, por exemplo. Importante salientar também, que quando usado exclusivamente no sentido de negócios, sendo aplicado no ambiente de trabalho (indústria), o Kaizen irá se referir à todas as funções que envolvem o funcionário de uma organização. Seu principal objetivo será o combate ao desperdício de matéria-prima e tempo, bem como a eliminação de processos desnecessários.

Para atingir um nível reconhecido de eficiência, o Kaizen possui algumas características que devem ser seguidas, dentre elas nós temos: trabalhadores que desenvolvem atividades, melhorando-as; as atividades devem se direcionadas para a meta do grupo; o trabalho coletivo prevalece sobre o individual, e ainda, segundo a filosofia o colaborador é reconhecido como elemento de grande importância para a organização. Sendo assim, como fora dito acima, para que a organização consiga extrair os melhores resultados da metodologia é preciso manter a continuidade do processo de melhoria e mudança cultural, melhorando dia após dia visando uma maior lucratividade do negócio no futuro. Não podemos esquecer de informar que o Kaizen pode ser usado tanto no ambiente de trabalho quanto na vida pessoal, assim como em qualquer processo, seja ele de manufatura, engenharia, negócios, ou outro qualquer.


Até a próxima!

Referências Bibliográficas: 
MAXIMIANO, Amaru. Teoria Geral da Administração. Atlas, 2012.
Imai, Masaaki. Kaizen a estratégia para o sucesso competitivo. Imam, 1990.

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