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Teoria Clássica da Administração

Origem da teoria clássica da administração


Teoria Clássica da Administração

Enquanto Taylor, com sua administração científica espalhava-se rapidamente pelos Estados Unidos, em 1916, surgia na França a Teoria Clássica da Administração. À medida que a administração científica focava na tarefa realizada pelo operário, a teoria clássica tinha como ênfase a estrutura da organização. O Objetivo de ambas as teorias era bastante semelhante, porém cada uma buscava atuar em um foco diferente. Na teoria clássica da administração, a preocupação principal ocorria com a estrutura das organizações, o que constituiu uma enorme ampliação no campo de estudo da época e da ciência da administração. 


Henri Fayol, o criador da teoria clássica da administração, nasceu em Constantinopla, em 1841, onde vivenciou as transformações da Revolução Industrial. Com o passar dos anos, se formou em engenharia de minas, o que o fez ingressar em uma empresa siderúrgica e carbonífera, na qual fez grande parte de sua carreira. Fayol partiu de uma abordagem mais simples e global, para uma abordagem mais anatômica e estrutural das organizações, que rapidamente ofuscou a teoria trazida por Frederick Taylor. Ao longo deste artigo iremos trazer para vocês os principais aspectos da teoria de um dos grandes nomes da administração.


Principais aspectos da administração na teoria clássica


Funções da teoria clássica da administração

1. Funções organizacionais: Para Fayol, na teoria clássica da administração existem cinco funções básicas dentro de uma organização, porém nenhuma delas possui a finalidade de coordenar as ações da empresa ou de constituir seu corpo social, mas sim de trabalhar em harmonia a fim de alcançar o máximo do conceito de administração. Atualmente as funções recebem o nome de áreas de administração, sendo elas: administração geral (função técnica), comerciais, financeira, de segurança e contábil (imagem acima).

2. Conceito de administração: Henri Fayol entende o ato de administrar como uma junção de cinco atividades e/ou funções corporativas. Elas são consideradas o exercício de prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Essas funções administrativas englobam os principais elementos da ciência da administração, atuando como delineador das atividades do administrador. Juntas elas constituem a base do processo administrativo e podem ser observadas em qualquer nível ou departamento da empresa.

3. Proporcionalidade das funções: Importante conceito da teoria clássica da administração. Para Fayol existe uma proporção nas funções administrativas, a qual se reparte por todos os níveis de uma empresa, não sendo exclusiva da alta cúpula. Segundo o autor, uma função é distribuída proporcionalmente entre os níveis hierárquicos, onde na medida em que desce, mais aumenta sua proporção e na medida em que sobe, mais aumenta o volume de funções.

4. Diferença entre administração e organização: Um dos pontos mais importantes para Fayol era o de facilitar a distinção entre administração e organização. Para ele, administração abrange aspectos que a organização não envolve, e atua como um conjunto de processos unificados. É um todo do qual a empresa é uma das partes. Por outro lado, a organização abrange a estrutura e a forma, sendo estática e possuindo dois significados, que são: organização como entidade social e como função administrativa.

5. Princípios gerais da administração: É certo dizer que como toda ciência, a administração também é pautada em leis e princípios. Fayol definiu o que seriam os principais princípios da administração, sendo eles: a divisão do trabalho, a autoridade responsabilidade, a disciplina, a unidade de comando, a unidade de direção, a subordinação dos interesses individuais aos gerais, a remuneração do pessoal, a centralização, a cadeia escalar (linha de autoridade), a ordem, a equidade, a estabilidade, a iniciativa e o espírito de equipe. 

A perfeita "teoria da administração" 


Especialização do trabalho na Teoria Clássica1. Administração como ciência: um dos principais pontos da teoria clássica da administração, é o seu estudo científico. Assim como na administração científica de Taylor, o intuito era substituir o empirismo e a improvisação por técnicas e métodos científicos. Dessa forma, seria possível alcançar a tão sonhada ciência da administração. Pra isso era necessário um ensino metódico e organizado, a fim de formar administradores capacitados. Essa ideia foi bastante inovadora para a época.

2. Teoria da organização: outro ponto concebido pela teoria clássica foi o fator de que a empresa era uma estrutura. Essa concepção foi influenciada pelas organizações tradicionais, como por exemplo, a militar. Apesar de contribuir com uma nova visão, a teoria clássica da administração pouco avançou em termos de uma teoria organizacional, uma vez as que enxergava como estruturas estáticas e limitadas. A estrutura organizacional constitui a cadeia de comando (escalar), que é baseado no princípio da unidade de comando. 

3. Divisão e especialização do trabalho: Segundo Fayol, a divisão do trabalho constitui a base de toda organização, atuando como a razão da mesma. É um princípio que conduz à especialização, diferenciando as tarefas e aumentando a eficiência nas atividades. Diferente da administração científica, a teoria clássica da administração buscava atingir as unidades, setores e departamentos da organização. O princípio possui duas direções, sendo uma vertical (níveis de autoridade) e a outra horizontal (tipos de atividade), que também é conhecida por departamentalização. 

4. Coordenação: considerada por Fayol como um dos principais elementos da administração, a coordenação é a junção de todas as atividades e esforços aplicados em uma organização. Na teoria clássica, se a subdivisão do trabalho é indispensável, a coordenação é obrigatória. Ela precisa ser baseada em uma junção de interesses, indicando um objetivo comum a ser alcançado por todos. É certo dizer que quanto maior for a organização, maior será a necessidade de existir processos coordenados que garantam sua máxima eficiência.

5. Conceito de linha de comando e de Staff: a teoria clássica da administração tinha por preferência a organização linear. Esse princípio se baseia em quatro aspectos, que são: unidade de comando (supervisão única - cada colaborador possui um único chefe), unidade de direção (integração entre os planos), autoridade centralizada (autoridade concentrada no topo) e cadeia escalar (autoridade disposta em escalões hierárquicos).

6. Organização Linear: visualiza a estrutura organizacional em forma de pirâmide. Nela temos a supervisão linear, baseada na unidade de comando e que é o oposto da supervisão funcional apresentada na teoria científica de Taylor. Para Fayol, a supervisão funcional nega a unidade de comando, prejudicando a coordenação das atividades. A teoria clássica da administração especifica dois tipos de autoridade, que são: a de linha e a de Staff. A de linha refere-se ao poder dos gestores de controlar seus subordinados e a de Staff faz referência à atribuição dos especialistas e suas funções, sendo mais estreita e tratada como uma relação de comunicação (conselhos entre especialistas e gerentes).

Outros elementos da teoria clássica da administração


Como já foi dito ao longo do texto, para Henri Fayol os principais elementos da administração eram baseados em cinco funções, sendo a previsão, organização, comando, coordenação e controle. Esses elementos não foram aceitos pelos seguidores de Fayol, o que fez com que cada um expusesse suas próprias ideias. Abaixo trouxemos os conceitos de dois dos principais seguidores de Fayol e da teoria clássica da administração.  

> Elementos para Urwick: Para o autor os elementos da administração eram totalizados em sete funções ao todo, sendo elas: a investigação, a previsão, o planejamento, organização, coordenação, comando e controle. No geral, Urwick apenas desdobrou o conceito de Fayol, sem trazer algo de muito novo. Para ele, esses elementos eram os principais pilares de uma boa organização, a qual deveria ser desenvolvida em torno de sua estrutura e não das pessoas que a compõem (conceito estruturalista).

> Elementos segundo Gurlick: Outro grande nome da teoria clássica da administração, Luther Gulick, considerado como o mais erudito de todos, também propôs sete elementos. Para ele, a teoria clássica da administração deveria ser baseada no planejamento, na organização, assessoria (conceito de preparação e treinamento de pessoas), direção, coordenação, informação (reportes entre subordinado e chefe) e por fim, no orçamento (relacionado ao plano fiscal, à contabilidade e ao controle financeiro). 

Principais críticas à teoria clássica


Críticas à teoria clássica da administração

1. Abordagem simplificada: muitos autores criticaram a teoria clássica da administração devido ao seu conteúdo baseado apenas em questões lógicas, formais, rígidas e abstratas, sem levar em consideração o fator humano, social e psicológico. Para eles, a teoria clássica limitava-se à organização formal, fazendo uso de esquemas pré-estabelecidos, normativos e prescritivos. De toda maneira, a preocupação com a estrutura organizacional foi um grande avanço nos estudos da teoria geral da administração.

2. Ausência de experimentos: a teoria clássica da administração buscou desenvolver uma ciência que estudava e tratava a administração de empresas de maneira mais analítica, sem o empirismo e a improvisação que dominavam o ambiente corporativo na época. Contudo, diferente da administração científica que fez uso de diversos experimentos, os autores clássicos fundamentaram seus conceitos na observação e no senso comum, baseando-se apenas na experiência direta e no pragmatismo. Muitos críticos achavam presunçoso, o fato dos autores clássicos auto denominarem de "princípios" as suas próprias proposições, já que estas não possuíam consistência ou regularidade.

3. Extremo racionalismo: os autores clássicos se preocuparam com a apresentação racional e lógica de suas proposições, prejudicando a clareza dos conceitos e ideias. O formalismo existente na teoria clássica da administração é bastante criticado por realizar uma análise superficial da matéria, faltando realismo e atuando de maneira muito simples. Por esse motivo, o movimento foi chamado de escola universalista, ou de teoria pragmática. O pragmatismo do movimento leva-o a utilizar de deduções para obter soluções aplicáveis de modo imediato.

4. Teoria da máquina: a teoria clássica da administração também ficou bastante conhecida como a teoria da máquina, uma vez que trabalhava os conceitos organizacionais apenas sob o foco do comportamento mecânico e não social. Para os autores do movimento, a organização deve ser arranjada como uma máquina e seus modelos administrativos trabalhados sem levar em consideração o fato humano. Essa abordagem determinística conduziu de maneira errada o movimento em busca de uma ciência da administração.

5. Abordagem incompleta e fechada: Da mesma maneira que ocorreu com a administração científica de Taylor, a teoria clássica da administração de Fayol, também sofreu críticas quanto aos temas e áreas abordadas pela teoria. A teoria clássica preocupou-se apenas com a organização formal, ignorando o lado informal e social que existia dentro das empresas e indústrias da época. A ênfase na estrutura levava ao exagero, ocasionando uma falha no tratamento dos grupos informais. A teoria clássica da administração trata a organização como um sistema fechado, composto de algumas variáveis conhecidas e previsíveis. Para os críticos os princípios universais propostos pelos autores do movimento clássico são facilmente manipuláveis, o que acabava prejudicando na veracidade dos dados analisados.

Conclusão - Teoria Clássica da Administração


Em resumo, a teoria clássica da administração foi uma escola que trouxe e fundamentou o pensamento administrativo em volta das organizações. A principal obra desse movimento foi o livro de Henri Fayol, publicado em 1916, e intitulado de "Administração Industrial e Geral", que tinha como ênfase a estrutura organizacional, o homem econômico e a busca pela máxima eficiência. Apesar de todas as críticas recebidas, é certo dizer que a teoria clássica da administração é uma das melhores abordagens para os iniciantes do curso, uma vez que disseca o trabalho gerencial em categorias compreensíveis e úteis, proporcionando um guia simples e de fácil entendimento sobre essa época.


A teoria clássica foi uma grande virada de chave no pensamento administrativo, especialmente na Europa ocidental. É fato que os princípios elaborados por Fayol e seus seguidores receberam diversas críticas, porém eles permitiram ao administrador uma visão mais simples e ordenada da organização. A teoria clássica da administração trouxe um enfoque de todas as esferas organizacionais (tanto operacional, quanto gerencial). O atraso na difusão das ideias e conceitos trabalhados por Fayol, fez com que grandes contribuintes do movimento administrativo desconhecessem seus princípios, porém após sua publicação nos Estados Unidos, seus conceitos foram rapidamente aceitos e amplamente divulgados. Por esse motivo, é mais do que certo afirmar que suas abordagens auxiliam as empresas e os administradores atuais em diversos aspectos do ambiente corporativo.

Até a próxima ADMs!

Autor: Filipe Bezerra
Referências Bibliográficas:
MAXIMIANO, Amaru. Teoria Geral da Administração. Atlas, 2012
FAYOL, Henri. Administração Geral e Industrial. São Paulo. Atlas, 2003.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração. Elsevier, 2004.

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