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Stakeholders: Do significado à classificação

O que é um Stakeholder?


Stakeholders - Partes interessadas de um negócio

Stakeholder é uma pessoa ou grupo que possui participação, investimento ou ações e que possui interesse em uma determinada empresa ou negócio. O inglês stake significa interesse, participação, risco. Enquanto holder significa aquele que possui. Stakeholder também pode significar partes interessadas, sendo pessoas ou organizações que podem ser afetadas pelos projetos e processos de uma empresa. Como exemplos de stakeholders imaginamos que estes estão relacionados ao projeto, e por isso, seriam o gerente, o patrocinador, a equipe e o cliente do projeto em questão, mas na prática, existem diversas outras partes interessadas, dentre as quais podemos citar: concorrentes, fornecedores e investidores, por exemplo.


O termo stakeholder foi criado pelo filósofo Robert Edward Freeman. Ele foi cunhado em 1963 em um memorando interno do Stanford Research Institute e se referia à "grupos que sem seu apoio a organização deixaria de existir". Para Freeman, o termo stakeholder possui um sentido amplo e outro mais estrito. O primeiro faz referência a todo grupo ou indivíduo que influencia ou é influenciado pelo alcance dos objetivos da organização. E no sentido mais estrito, se refere a indivíduos ou grupos que a organização depende para sobreviver. O objetivo subjacente que define tal agente stakeholder é ser aquele que entrega algum valor a uma pessoa ou organização, mesmo que não seja o único ou principal interessado no negócio.



Modelos e classificação dos stakeholders


Modelo Salience de Stakeholders
No geral, existem dois modelos empresariais mais conhecidos: o modelo baseado nos stakeholders e o modelo baseado nos shareholders (acionistas). Segundo o modelo dos stakeholders, a companhia é vista como uma organização social que deve gerar algum tipo de benefício aos parceiros do negócio ou as partes interessadas, ou seja, aos próprios stakeholders. Ele também é conhecido como um modelo da responsabilidade social, visto que objetiva o equilíbrio da sociedade a que pertence (possui valor social e retributivo).

Por outro lado, também existe uma vertente chamada de shareholders. O modelo dos shareholders se encontra intimamente ligado aos acionistas da organização, sendo o modelo mais utilizado durante toda era industrial. Nesse tipo de modelo, a empresa é vista como uma entidade econômica que deve trazer benefícios aos shareholders (proprietários e acionistas). Sendo assim, por este motivo, considerado um modelo de responsabilidade financeira, no qual o sucesso da empresa se baseia unicamente na representatividade de seu lucro. No presente artigo nós iremos focar somente nos stakeholders e procurar entendê-los da melhor maneira possível. Primeiramente, como os stakeholders estão em constante relação com a empresa, é vital que toda organização consiga compreender quem eles são, quais os seus interesses e como eles atuam.

Uma vez que a proposta de Freeman considera uma maior gama de stakeholders, uma das questões que se atrela a formalização da teoria é a de como atender todas as possíveis partes interessadas do negócio. Alguns autores defendem a utilização de critérios de priorização dos stakeholders, dando maior atenção a determinados grupos em detrimento de outros. Diversas propostas sobre o assunto surgiram ao longo dos anos, sendo o modelo Stakeholder Salience de Mitchell, Agle e Wood o mais discutido e utilizado atualmente. Neste modelo, eles definem que os stakeholders precisam ser classificados em termos de poder, legitimidade e urgência, permitindo estabelecer prioridades durante a administração de uma empresa e definir quais os interesses que deverão ser atendidos.

Segundo os autores, o modelo salience é dinâmico por três razões: os atributos são variáveis (não estáticos), os atributos são socialmente construídos e os stakeholders não possuem consciência dos próprios atributos. Os autores afirmam que os três fatores, quando combinados, geram sete tipos de stakeholders, além de identificar os não-stakeholders também. No modelo proposto por Mitchel, Agle e Wood, os stakeholders possuem poder de negociação e legitimidade para com a organização, assim como urgência no atendimento das solicitações que os mesmos exijam da empresa. O modelo Stakeholders Salience se baseia numa tipologia de identificação, que permite o reconhecimento da singularidade situacional e a percepção gerencial necessária para explicar como os gestores devem priorizar as relações com as partes interessadas do negócio. Vocês podem verificar na imagem acima a definição de forma mais detalhada.

Teoria dos stakeholders


Existe uma certa diferença entre a abordagem e teoria de stakeholders. Para a teoria econômica clássica, o proprietário do negócio é a única parte interessada, sendo a parte que realmente importa para a empresa, principalmente, na hora de tomar as decisões (processo decisório). Nesse caso, o proprietário poderia ser único ou múltiplo, ou ainda poderiam ser os acionistas do negócio, por exemplo. De acordo com Freeman, a teoria dos stakeholders afirma que existem diversos outros componentes da sociedade que devem ser levados em consideração durante a tomada de decisão da empresa, são eles: organizações não governamentais, colaboradores, fornecedores, sindicatos, clientes, concorrentes, entre outros. Para ele, até as empresas concorrentes podem ser consideradas como stakeholders.

Stakeholders - Exemplos

Segundo as ideias de Freeman, a teoria dos stakeholders se baseia em quatro ciências fundamentais: sociologia, economia, política e ética, agregando valores de literaturas do planejamento corporativo, da teoria dos sistemas, responsabilidade social e da teoria das organizações, por exemplo. Podemos entender, que o fenômeno que a teoria dos stakeholders enseja em explicar é a relação da organização com seu ambiente externo, assim como o seu comportamento dentro deste ambiente. Entretanto, ela também possui certas premissas específicas, dentre as quais podemos citar: toda organização possui relacionamento com diversos grupos que influenciam e são influenciados pela empresa, os interesses dos stakeholders são intrínsecos, sem a preponderância de um sobre o outro, a teoria é focada na decisão gerencial, e por fim, que os stakeholders influenciam o processo decisório de acordo com suas necessidades e prioridades. 

Conclusão - Stakeholders


A partir da identificação dos stakeholders, deve-se preparar um plano de decisão que garanta o fluxo da informação correta para cada um. De acordo com a teoria dos stakeholders, a gestão dos mesmos exige uma classificação que vá de acordo com a importância exata de cada um deles, uma vez que é praticamente impossível atender à todos da mesma maneira e medida. Ainda segundo a teoria, a gestão eficiente dos stakeholders pode contribuir de forma significativa para o alcance dos objetivos organizacionais, ampliando sua vantagem competitiva e sua integração com o ambiente no qual participa.


Em resumo, nós vimos que os stakeholders são públicos de interesses, grupos, ou indivíduos que afetam e são significativamente afetados pela organização, sendo eles, de forma ampla, os clientes, colaboradores, acionistas, fornecedores, governo, comunidade, entre outros. É importante salientarmos também que é de fundamental importância a organização descobrir o que os seus stakeholders valorizam, suas necessidades e prioridades. É necessário encontrar a melhor maneira de explorar as atividades organizacionais à fim de satisfazer as partes interessadas do negócio.

Nós sabemos que não existe fórmula simples para o sucesso, mas a comunicação adequada e uma boa gestão dos stakeholders podem reduzir os efeitos negativos de péssimas decisões e evitar maiores danos ao processo de tomada de decisão. A teoria dos stakeholders, sustenta a organização como o centro do universo de interesses de indivíduos e grupos que afetam, ou possam ser afetados pelas atividades da empresa. Em síntese, percebemos que uma identificação eficaz dos stakeholders, o seu bom gerenciamento e o atendimento dos interesses dos mesmos, são peças fundamentais para o sucesso de uma organização, uma vez que proporciona uma visão otimizada para a tomada de decisão e o alcance dos objetivos corporativos. 

Até a próxima pessoal!

13/07/2014
Autor: Filipe Bezerra
Referências Bibliográficas: 
FREEMAN, Edward. Strategic Management: A stakeholder approach. Pitman, 1984.
FREEMAN, Edward. Stakeholder capitalism and value chain. E.M.Journal, vol.15, pág 286-296.
MITCHELL. AGLE. e WOOD. Toward a theory of stakeholder identification and salience...
...Academy of Management Review, vol.22, nº4, pág. 853-858.

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